368
OS MAIAS

deixando atraz um sulco largo de comprimentos, d’espinhas que se vergavam, de chapéos de burocratas rasgadamente erguidos. O commissario do sarau azafamava-se procurando duas cadeiras para ss. exc.as A condessa porém foi reunir-se a D. Maria da Cunha, que ella vira, com as Pedrosos e a marqueza de Soutal, refugiada n’um vão de janella. Ega immediatamente acercou-se do rancho intimo, esperando que as senhoras se beijocassem.

— Então, snr.ª condessa, ainda muito commovida com a eloquencia do Rufino?

— Muito cançada... E que calor, hein?

— Horrivel. A snr.ª baroneza d’Alvim sahiu ha pouco, com uma dor de cabeça...

A condessa, que tinha os olhos pisados e uma prega de velhice aos cantos da boca, murmurou:

— Não admira, isto não é divertido... Emfim, já agora é necessario levar a cruz ao Calvario.

— Se fosse uma cruz, minha senhora! exclamou o Ega. Infelizmente é uma lyra!

Ella riu. E D. Maria da Cunha, n’essa noite mais remoçada e viva, ficou logo toda banhada n’um sorriso, com aquella carinhosa admiração pelo Ega, que era um dos seus sentimentos.

— Este Ega!... Não ha mal que lhe chegue!... E diga-me outra coisa, que é feito do seu amigo Maia?

Ega vira-a momentos antes, no salão, puxar pela manga de Carlos, cochichar com Carlos. Mas conservou um ar innocente: