OS MAIAS
373

— Eu vos digo, rapazes... Uma coisa não vai sem a outra, vejam vocês Danton!... Mas já não fallo emfim d’esses leões da Revolução. Vejam vocês o Passos Manoel! Está claro, é necessario logica... Mas, tambem, caramba, sêbo para uma politica sem entranhas e sem um bocado de infinito!

Subitamente, por sobre o novo silencio da sala, um vozeirão mais forte que o do Rufino fez retumbar os grandes nomes de D. João de Castro e de Affonso d’Albuquerque... Todos se acercaram da porta, curiosamente. Era um maganão gordo, de barba em bico e camelia na casaca, que, de mão fechada no ar como se agitasse o pendão das Quinas, lamentava aos berros que nós portuguezes, possuindo este nobre estuario do Tejo e tão formosas tradições de gloria, deixassemos esbanjar, ao vento do indifferentismo, a sublime herança dos avós!...

— É patriotismo, disse o Ega. Fujamos!

Mas o marquez reteve-os, gostando tambem de um bocado de Quinas. E foi o pobre marquez que o patriota pareceu interpellar, alçando na ponta dos botins o corpanzil rotundo, aos urros. Quem havia agora ahi, que, agarrando n’uma das mãos a espada e na outra a cruz, saltasse para o convés d’uma caravella a ir levar o nome portuguez através dos mares desconhecidos? Quem havia ahi, heroico bastante, para imitar o grande João de Castro, que na sua quinta de Cintra arrancára