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OS MAIAS

luz e plantas, cruzaram-se com o patriota de barbas em bico, rodeado d’amigos, em caminho para o botequim, limpando ao lenço o pescoço e a face, exclamando com o cansaço radiante d’um triumphador:

— Irra! custou, mas sempre lhes fiz vibrar a corda!

Já o Alencar estaria gorgeando! Os dois amigos galgaram a escada. E com effeito Alencar apparecera no estrado, onde ardia ainda o candelabro de duas velas.

Esguio, mais sombrio n’aquelle fundo côr de canario, o poeta derramou pensativamente pelas cadeiras, pela galeria, um olhar encovado e lento: e um silencio pesou, mais enlevado, diante de tanta melancolia e de tanta solemnidade.

A Democracia! annunciou o auctor d’Elvira, com a pompa d’uma revelação.

Duas vezes passou pelos bigodes o lenço branco, que depois atirou para a mesa. E levantando a mão n’um gesto demorado e largo:

Era n’um parque. O luar
Sobre os vastos arvoredos,
Cheios de amor e segredos...

— Que lhe disse eu? exclamou o Ega, tocando no cotovêlo do marquez. É sentimento... Aposto que é o festim!

E era com effeito o festim, já cantado na Flôr de Martyrio, festim romantico, n’um vago jardim