380
OS MAIAS

que receavam elles, no advento sublime da Republica? Era o pão carinhoso dado á criança? Era a mão justa estendida ao proletario? Era a esperança? Era a aurora?

Receaes a grande luz?
Tendes medo do Abecê?...
Então castigai quem lê,
Voltai á plebe soez!
Recuai sempre na Historia,
Apagai o gaz nas ruas,
Deixai as crianças nuas,
E venha a forca outra vez!

Palmas, mais numerosas, já sinceras, estalaram pela sala, que cedia emfim ao repetido encanto d’aquelle lyrismo humanitario e sonoro. Já não importava a Republica, os seus perigos. Os versos rolavam, cantantes e claros; e a sua onda larga arrastava os espiritos mais positivos. Sob aquelle bafo de sympathia Alencar sorria, com os braços abertos, annunciando uma a uma, como perolas que se desfiam, todas as dadivas que traria a Republica. Debaixo da sua bandeira, não vermelha mas branca, elle via a terra coberta de searas, todas as fomes satisfeitas, as nações cantando nos valles sob o olhar risonho de Deus. Sim, porque Alencar não queria uma Republica sem Deus! A Democracia e o Christianismo, como um lirio que se abraça a uma espiga, completavam-se, estreitando os seios! A rocha do Golgotha tornava-se a tribuna da Convenção! E para tão dôce ideal não se necessitavam cardeaes, nem missaes, nem novenas, nem igrejas.