OS MAIAS
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Cruges, que batia as solas no lagedo, enfastiado gritou da esquina:

— Bem, eu vou andando para o Gremio.

— Até logo!

O snr. Guimarães, no emtanto, passava os dedos calçados de pellica preta pelos longos fios da barba, fitando o Ega, n’um esforço de penetração. E quando Ega lhe travou do braço, pedindo-lhe para conversarem um pouco até ao Loreto, o democrata deu os primeiros passos com uma lentidão desconfiada.

— Eu parece-me, dizia o Ega sorrindo, mas nervoso, que nós estamos aqui a enrodilhar-nos n’um equivoco... Eu conheço o Maia desde pequeno, vivo até agora em casa d’elle, posso afiançar-lhe que não tem irmã nenhuma...

Então o snr. Guimarães começou a rosnar umas desculpas embrulhadas que mais enervavam, torturavam o Ega. O snr. Guimarães imaginava que não era segredo, que todas essas coisas da irmã estavam esquecidas, desde que houvera reconciliação...

— Como vi, ainda não ha muitos dias, o snr. Carlos da Maia com a irmã e com v. exc.ª, na mesma carruagem, no caes do Sodré...

— O quê! Aquella senhora! A que ia na carruagem?

— Sim! exclamou o snr. Guimarães irritado, farto emfim d’essa confusão em que se debatiam. Aquella mesma, a Maria Eduarda Monforte, ou a