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OS MAIAS

— Tu!?

— Pois quem, então? Querias que fosse o Villaça?...

Ega franzia a testa:

— O que tu devias fazer era metter-te esta noite no comboio, e partir para Santa Olavia. De lá contavas-lhe tudo. Estavas assim mais seguro.

Carlos atirou-se para uma poltrona, com um grande suspiro de fadiga:

— Sim, talvez, ámanhã, no comboio da noite... Já pensei n’isso, era o melhor... Agora o que estou é muito cansado!

— Tambem eu, disse o Ega espreguiçando-se. E já não adiantamos nada, atolamo-nos mais na confusão. O melhor é serenar... Eu vou-me estirar um bocado na cama.

— Até logo!

Ega subiu ao quarto, deitou-se por cima da roupa; e no seu immenso cansaço bem depressa adormeceu. Acordou tarde a um rumor da porta. Era Carlos que entrava, raspando um phosphoro. Anoitecera, em baixo tocava a campainha para o jantar.

— Demais a mais esta massada do jantar! dizia Carlos accendendo as velas no toucador. Não termos um pretexto para irmos fóra, a uma taverna, conversar em socego! Ainda por cima convidei hontem o Steinbroken.

Depois voltando-se:

— Ó Ega, tu achas que o avô sabe tudo?