OS MAIAS
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britannicos, bastante pilheria e bastante navalha... A questão era o fado!

— Onde é que você tem ouvido o fado? Ahi pelas salas, ao piano... Com effeito assim, concordo, é chôcho. Mas ouça-o você por tres ou quatro guitarristas, uma noite, no campo, com uma bella lua no céo... Como nos Olivaes este verão, quando o marquez lá levou o Vira-vira! Lembras-te, Carlos?...

E estacou, como entalado, no arrependimento d’aquella memoria da Toca que levianamente evocára. Carlos permanecera silencioso, com uma sombra na face. Craft ainda rosnou que, n’uma linda noite de luar, todos os sons no campo eram bonitos, mesmo o chiar dos sapos. E de novo uma estranha desanimação amolleceu a sala; os escudeiros serviam os dôces.

Então, no silencio, D. Diogo disse pensativamente, com a sua magestade de leão saudoso que relembra um grande passado:

— Uma musica tambem muito distinguée antigamente eram os Sinos do mosteiro. Parecia mesmo que se estavam ouvindo os sinos... Já não ha d’isso!

O jantar terminava friamente. Steinbroken voltára áquella falta da familia real no sarau, que desde a vespera o inquietava. Ninguem alli se interessava pelo Paço. Depois D. Diogo surdiu com uma velha e fastidiosa historia sobre a infanta D. Isabel. Foi um allivio quando o escudeiro trouxe em volta