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OS MAIAS


A essa hora Ega acordava no bilhar, ainda estirado na poltrona onde o cansaço o prostrára. Bocejando, estremunhado, arrastou os passos até ao escriptorio de Affonso.

Ahi ardia um lume alegre, a que o reverendo Bonifacio se deixava torrar, enrolado sobre a pelle d’urso. Affonso fazia a partida de whist com Steinbroken e com o Villaça: mas tão distrahido, tão confuso, que já duas vezes D. Diogo, infeliz e irritado, rosnára que se a dôr de cabeça assim o estonteava melhor seria findarem! Quando Ega appareceu, o velho levantou os olhos inquietos:

— O Carlos? Sahiu?...

— Sim, creio que sahiu com o Craft, disse o Ega. Tinham fallado em ir vêr o marquez.

Villaça, que baralhava com a sua lentidão meticulosa, deitou tambem para o Ega um olhar curioso e vivo. Mas já D. Diogo batia com os dedos no pano da mesa, resmungando: — «Vamos lá, vamos lá... Não se ganha nada em saber dos outros!» Então Ega ficou alli um momento, com bocejos vagos, seguindo o cahir lento das cartas. Por fim, molle e seccado, decidiu ir lêr para a cama, hesitou por diante das estantes, sahiu com um velho numero do Panorama.

Ao outro dia, á hora do almoço, entrou no