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OS MAIAS

Affonso de manhã no jardim, tombado para cima da mesa de pedra. Viera o dr. Azevedo, mas tudo acabára!

Villaça levou as mãos á cabeça:

— Uma coisa assim! Creia o amigo! Foi essa mulher, essa mulher que ahi appareceu, que o matou! Nunca foi o mesmo depois d’aquelle abalo! Não foi mais nada! Foi isso!

Ega murmurava, deitando machinalmente agua de Colonia no lenço:

— Sim, talvez, esse abalo, e oitenta annos, e poucas cautelas, e uma doença de coração.

Fallaram então do enterro, que devia ser simples como convinha áquelle homem simples. Para depositar o corpo, emquanto não fosse trasladado para Santa Olavia, Ega lembrára-se do jazigo do marquez.

Villaça coçava o queixo, hesitando:

— Eu tambem tenho um jazigo. Foi o proprio snr. Affonso da Maia que o mandou erguer para meu pai, que Deus haja... Ora parece-me que por uns dias ficava lá perfeitamente. Assim não se pedia a ninguem, e eu tinha n’isso muita honra...

Ega concordou. Depois fixaram outros detalhes de convite, de hora, de chave do caixão. Por fim Villaça, olhando o relogio, ergueu-se com um grande suspiro:

— Bem, vou dar esses tristes passos! E cá appareço logo, que o quero vêr pela ultima vez,