510
OS MAIAS

ultimos annos — aquella morte do marquez, sabida de repente ao almoço, n’uma banal noticia de jornal!... E através do Rocio, andando mais devagar, recordavam outros desapparecimentos: a D. Maria da Cunha, coitada, que acabara hydropica; o D. Diogo, casado por fim com a cozinheira; o bom Sequeira, morto uma noite n’uma tipoia ao sahir dos cavallinhos...

— E outra coisa, perguntou Ega. Tens visto o Craft em Londres?

— Tenho, disse Carlos. Arranjou uma casa muito bonita ao pé de Richmond... Mas está muito avelhado, queixa-se muito do figado. E, desgraçadamente, carrega de mais nos alcools. É uma pena!

Depois perguntou pelo Taveira. Esse lindo moço, contou o Ega, tinha agora por cima mais dez annos de Secretaria e de Chiado. Mas sempre apurado, já um bocado grisalho, mettido continuamente com alguma hespanhola, dando bastante a lei em S. Carlos, e murmurando todas as tardes na Havaneza, com um ar dôce e contente — «isto é um paiz perdido»! Enfim um bom typosinho de lisboeta fino.

— E a besta do Steinbroken?

— Ministro em Athenas, exclamou Carlos, entre as ruinas classicas!

E esta idéa do Steinbroken, na velha Grecia, divertiu-os infinitamente. Ega imaginava já o bom Steinbroken, têso nos seus altos collarinhos, affirmando a respeito de Socrates, com prudencia: «Oh,