OS MAIAS
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Desceram ao jardim. Um momento seguiram calados pela alea onde cresciam outr’ora as roseiras de Affonso. Sob as duas olaias ainda existia o banco de cortiça; Maria sentára-se alli, na sua visita ao Ramalhete, a atar n’um ramo flôres que ia levar como reliquia. Ao passar Ega cortou uma pequenina margarida que ainda floria solitariamente.

— Ella continúa a viver em Orléans, não é verdade?

Sim, disse Carlos, vivia ao pé d’Orléans, n’uma quinta que lá comprára, chamada Les Rosières. O noivo devia habitar nos arredores algum pequeno château. Ella chamava-lhe «visinho». E era naturalmente um gentilhomme campagnard, de familia séria, com fortuna...

— Ella só tem o que tu lhe dás, está claro.

— Creio que te mandei contar tudo isso, murmurou Carlos. Emfim ella recusou-se a receber parte alguma da sua herança... E o Villaça arranjou as coisas por meio d’uma doação que lhe fiz, correspondente a doze contos de reis de renda...

— É bonito. Ella fallava de Rosa na carta?

— Sim, de passagem, que ia bem... Deve estar uma mulher.

— E bem linda!

Iam subindo a escadinha de ferro torneada que levava do jardim aos quartos de Carlos. Com a mão na porta da vidraça, Ega parou ainda, n’uma derradeira curiosidade: