snr. Sousa Netto, enterrados n’um sofá, conversavam fumando.
— Levo o snr. Carlos da Maia para vêr o pequeno...
O conde erguera-se um pouco do sofá, sem comprehender bem. Já ella passára. Carlos seguiu em silencio a sua longa cauda de sêda preta através do bilhar, deserto, com o gaz acceso, ornado de quatro retratos de damas, da familia dos Gouvarinhos, empoadas e sorumbaticas. Ao lado, por traz de um pesado reposteiro de fazenda verde, era um gabinete, com uma velha poltrona, alguns livros n’uma estante envidraçada, e uma escrevaninha onde pousava um candieiro sob o abat-jour de renda côr de rosa. E ahi, bruscamente, ella parou, atirou os braços ao pescoço de Carlos, os seus labios prenderam-se aos d’elle n’um beijo sôfrego, penetrante, completo, findando n’um soluço de desmaio... Elle sentia aquelle lindo corpo estremecer, escorregar-lhe entre os braços, sobre os joelhos sem força.
— Ámanhã, em casa da titi, ás onze, murmurou ella quando pôde fallar.
— Pois sim.
Desprendida d’elle, a condessa ficou um momento com as mãos sobre os olhos, deixando desvanecer aquella languida vertigem, que a fizera côr de cêra. Depois, cansada e sorrindo:
— Que doida que eu sou... Vamos vêr Charlie.
O quarto do pequeno era ao fundo do corredor.