Os Negros

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fulgurou, seguido de formidarel ribombo que la se foi as cabeçadas pelos morros té perder-se distante. E os primeiros pingos vieram, escoteiros, pipocar no chão resecco.

— Espóra, espora!

Em minutos vingavamos o espigão, de cujo topo vimos a casaria maldita, tragada a meio por mataréo de tapera. Os pingoes mais e mais amiudavam e já eram agua de molhar quando a ferradura das bestas estrepito com faiscas no velho terreiro de pedra. Sururucados por elle a dentro, rumo dum telheiro em aberto, la apeamos afinal, esbaforidos, mas a salvo da molhadela.

E as bategas vieram, furiosas, em cordas d’aglia a prumo, como devia ser o chuveiro biblico do diluvio universal.

Examinei o couto. Telheiro de carros e tropa, derruido em parte. Os esteios, da cabiúna eterna, tinham os nabos á mostra —tantos enxurros correram por alli erodindo o solo. Por elles marinhava a Caetaninha, essa mimosa alcatifa dos tapumes, toda rosetada de flores ainarellas e pingentada de melõesinhos de bico, côr de canario. Tambem aboboreiras viçavam na tapera, trepando victoriosas pelos espeques, para enfolhar no alto, entremeio das ripas e caibros a nú. Suas Hores grandalhudas, tão caras ás mamangavas, manchavam d’amarello pallido o tom crú da folhagem verde-negra. Fóra, a pouca distancia do telheiro, a casa grande erguia-se, vislumbrada apenas, aquell’horax, através da cortina d’agua.