12
Monteiro Lobato

Quanto a “de comer”, comidinha de negro velho, já sabe...

Apeamo-nos, alegremente.

— Angú ? chasqueou o Jonas.

0 negro riu-se:

— Já se foi o tempo do angú com “bacalhau”...

— E não deixou saudades, hein, tio Bento?

— Saudades não deixou, não, eh, eh...

— P’ra vocês, pretos, que entre os brancos muitos ha que choram esse tempinho de vaccas gordas. Não fosse o Treze e não estava agora eu aqui a arrebentar as unhas neste raio do latego que encrúou com a chuva e não ata nem desata. Era servicinho do pagem...

Desarreamos as bestas e depois de soltal-as penetramos na casa sobraçando a bugigangaria. Vimos, então, que era pequena demais para nos abrigar aos tres.

— Amigo Bento, olha: não cabemos aqui tanta gente. O melhor é accommodarmo-nos na casa grande, que isto não é casa do bicho-homem, é ninho de cuitelo...

— Os brancos querem dormir na casa mal assombrada? exclamou, admirado, o preto. Não aconselho, não. Alguém já fez isso, mas arrependeu-se depois.

— Arrepender-nos-emos também, depois, ama­nhã, mas já com a dormida no papo, disse Jonas.

E como o preto abrisse a bocca, concluiu :

— Você não sabe o que é coragem tio Ben­to ! Escoramos sete. E almas, então, uma duzia ! Vamos lá. Está aberta a casa ?