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qual havia um banco. As palavras chegavam-lhe distinctamente aos ouvidos.

Quanto já não tinha andado! Chegou até a espiar e prestar ouvido. Ah! o coração humano é um velho espião!

Havia outro banco visivel e proximo, no fim de uma alameda. Deruchette assentava-se alli algumas vezes.

Pelas flôres que elle via Deruchette colher e cheirar, adivinhou as preferencias da moça a respeito de perfumes.

A moça preferia antes de tudo a campanula, depois o cravo, depois a madresilva, depois o jasmim. A rosa estava em quarto lugar. Quanto aos lyrios, olhava para elles, mas não os cheirava.

Á vista da escolha dos perfumes, Gilliatt compunha-a no seu pensamento. Cada cheiro significava para elle uma perfeição.

Só a idéa de fallar a Deruchette fazia-lhe arripiar os cabellos.

Uma boa velha que mascateava, e por esse motivo ia algumas vezes á rua que costeava o muro do jardim de Deruchette, veio a notar confusamente a assiduidade de Gilliatt junto daquelle muro e a sua devoção por aquelle lugar deserto. Ligaria ella a presença daquelle homem á possibilidade de uma mulher que estivesse atraz do muro? Descobriria esse vago fio invisivel? Restava-lhe acaso na sua decrepitude mendicante, um pouco de mocidade para lembrar-se de alguma cousa dos bellos tempos, e saberia ella já no inverno e na noite, que cousa é o alvor da madrugada? Ignoramol-o, mas parece que,