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Não ha força cega. Cabe ao homem espreitar as forças e descobrir-lhes o itinerario.

Emquanto se não descobre a lei, prosegue a luta, e nessa luta a navegação a vapor é uma especie de victoria perpetua que o genio humano vai ganhando a todas as horas do dia em todos os pontos do mar. A navegação a vapor é admiravel porque disciplina o navio. Diminue a obdiencia ao vento e augmenta a obdiencia ao homem.

Nunca a Durande trabalhou no mar como naquelle dia. Andava maravilhosamente.

Pelas 11 horas, soprando uma fresca brisa de nor-nordeste, achou-se a Durande do lado de Minquiers, trabalhando com pouco vapor, navegando a oeste e conchegada ao vento. Claro e bello estava o céo. Todavia iam voltando para terra todos os pescadores.

A pouco e pouco, como se todos pensassem em ancorar nos portos, ia-se o mar limpando de navios.

Não se podia dizer que a Durande estivesse no caminho do costume. A tripulação não se preoccupava com isso, era absoluta a confiança no capitão; entretanto, talvez por culpa do timoneiro, havia algum desvio. A Durande parecia antes ir para Jersey que para Guernesey. Pouco depois das onze horas, o capitão rectificou a direcção e aproou para o lado de Guernesey. Perdeu-se algum tempo. Nos dias curtos o tempo perdido tem inconvenientes. Fazia um bello sol de Fevereiro.

Tangrouille, no estado em que estava, já não tinha nem pés nem braços firmes. Resultava dahi que o bravo timoneiro desviava-se da costa e atrazava a marcha.