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O vento ia amainando.

O passageiro guernesiano, que tinha um oculo na mão, firmava-o de tempos a tempos para um froco de espuma coada pelo vento no extremo horisonte de oeste, assemelhando-se a um pouco de algodão, empoeirado em roda.

O capitão Clubin tinha o aspecto puritano do costume. Parecia redobrar de attenção.

Tudo estava calmo e quasi risonho a bordo da Durande; os passageiros conversavam.

Fechando os olhos, no meio de uma viagem, pode-se avaliar do estado do mar pelo tremolo da conversa. A plena liberdade de espirito dos passageiros corresponde á perfeita tranquillidade da agua.

É impossivel, por exemplo, que houvesse uma conversa, como esta que se segue, em mar que não fosse calmo.

— Veja aquella bonita mosca verde e encarnada.

— Perdeu-se no mar e descança no navio.

— As moscas não se cançam muito.

— Pudera! são tão leves. Carrega-as o proprio vento.

— Já se pezou uma onça de moscas, e contadas depois vio-se que eram seis mil duzentas e sessenta e oito.

O guernesiano do oculo tinha-se chegado aos maloenses mercadores de gado, e a conversa delles era pouco mais ou menos esta:

— O boi de Aubrac tom o tronco redondo e bojudo, as pernas curtas, o pello amarello. É demorado no trabalho por causa da pequenez das pernas.

— Neste ponto, o Salers vale mais que o Aubrac.