— 25 —

latim, como indica o titulo, era duvidoso que Gilliatt, que não sabia latim, lesse aquella obra.

Mas são exactamente os livros que a gente não lê, os que mais condemnam. A inquisição de Hespanha julgou esse caso, e pô-lo fora de duvida.

Demais, o livro era o tratado do doutor Tilingius sobre o ruibarbo, publicado na Allemanha em 1679.

Não havia certeza de que Gilliatt não fizesse bruxarias, philtros e sortilegios. Tinha frascos em casa.

Porque motivo ia elle passear, e ás vezes até á meia-noite, nos penhacos da costa? era evidentemente para conversar com a gente maligna que anda á noite nas praias, no meio das exhalações.

Ajudou elle uma vez a feiticeira de Torteval a desatolar a carroça. Era uma velha, por nome Moutonne Gahy.

Tendo-se feito um recenceamento na ilha, perguntou-se-lhe a profissão, e elle respondeu: pescador quando ha peixe. Vejam lá se a gente da ilha podia gostar de taes respostas.

Pobreza e riqueza são relativas. Gilliatt tinha terras e uma casa, e comparado aos que não possuem cousa nenhuma, não era pobre. Um dia, para experimenta-lo, e talvez para inculcar-se, por que ha mulheres que estariam promptas a desposar o diabo rico, disse uma rapariga a Gilliatt: Quando se casa? A resposta delle foi: Casar-me-hei quando se casar a Rocha que canta.

A Rocha que canta era uma grande pedra collocada a pique n’uma horta rustica perto do Senhor Lemezurier de Fry. Esta pedra inspira desconfiança. Não se sabe o que ella faz ali. Ouve-se cantar um