surge essa hedionda estrella voraz do mar. O que é terrivel, é que não se sente de longe. Quando a gente a vê, já está agarrada.
Comtudo á noite, e particularmente na estação do desejo, a pieuvre é phosphorica; aquelle pavor tem os seus amores. Aguarda o hymeneu. Faz-se bella, illumina-se, e do alto de algum rochedo, póde-se vel-a nas profundas trevas aberta n’uma irradiação, sol espectro.
A pieuvre anda; tambem nada. É um tanto peixe e um tanto reptil. Arrasta-se no fundo do mar. Utilisa as suas oito pernas. Roja-se como a lagarta.
Não tem osso, nem sangue e nem carne. É flacida. Não tem nada dentro. É uma pelle. Póde-se virar-lhe os tentaculos de dentro para fóra, como dedos de uma luva.
Tem um só orificio no centro dos oito raios.
É fria toda ella.
Repelente bicho, é um do mediterraneo. É um contacto hediondo, essa gelatina animada que envolve o nadador, onde as mãos mergulham, onde as unhas trabalham, bicho que se rasga sem matar, e que se pucha sem tirar, especie de creatura resvaladiça e tenaz, que escorrega entre os dedos; mas nada iguala a subita apparição da pieuvre, Medusa servida por oito serpentes.
Não ha aperto igual ao do cephalopode.
É uma machina pneumatica que ataca. Luta-se com o nada ornado de patas. Nem unhas nem dentes; uma scarificação indisivel. Uma mordedura