— 128 —

amarrada uma barca trazendo um pouco á ré um vulto massiço donde sahia o cano que ficava em frente á janella. A prôa da barca prolongava-se além do canto da parede da casa e encostada ao cáes.

Não havia ninguem na barca.

A barca tinha uma forma especial, conhecida por todos em Guernesey; era a pança.

Lethierry pulou deutro. Correu á massa que ficava alem do mastro. Era a machina.

Era ella, inteira completa, intacta, sentada sobre o fundo de metal; a caldeira estava com todas as peças; a arvore das rodas estava arranjada e amarrada perto da caldeira; a bomba estava no seu lugar; nada faltava.

Lethierry examinou a machina.

A lanterna e a lua ajudaram-lhe o exame.

Passou em revista todo o machinismo.

Vio as duas caixas que estavam ao pé. Olhou para a arvore das rodas.

Foi ao camarote; estava vasio.

Voltou á machina e apalpou-a. Metteu a cabeça na caldeira. Ajoelhou-se para ver dentro.

Collocou na caldeira a lanterna que illuminava todo o mechanismo e produzia o effeito de uma machina acesa.

Depois deu uma gargalhada, e levantando-se, com o olhar fixo na machina e os braços estendidos para o cano, gritou: soccorro!

O sino do porto ficava perto. Lethierry correu a elle, segurou a corda, e começou a sacudir o sino impetuosamente.