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tudo, e a nossa partida seria a mesma. Não devia fallar-me. Porque me fallou? Que será agora de mim? Digo-lhe que hei de morrer. Ha de ter ganho muito quando eu estiver no cemiterio. Oh! tenho o coração despedaçado. Desventurada que sou! E meu tio não é máo, comtudo.

Era a primeira vez na sua vida que Deruchette dizia fallando de mess Lethierry, meu tio. Até então sempre dizia meu pai.

Ebeneser recuou um pouco e fez um signal ao bateleiro. Ouvio-se o ruido de um croque nas pedras e o passo de um homem no bote.

— Não! não! gritou Deruchette.

Ebeneser approximou-se della.

— É preciso, Deruchette.

— Não, nunca! Por uma machina! Será possivel? Vio hontem aquelle homem horrivel? Não deve abandonar-ine. Tem intelligencia, ha de achar um meio. Não é possivel que me dissesse para vir aqui hoje, com a idéa de partir. Não lhe fiz nada. Não tem motivos de queixa de mim. É naquelle navio que quer ir? Não quero. Não me deixe. Não se abre o céo para tornal-o a fechar. Digo-lhe que ha de ficar. Demais ainda não bateu a hora. Oh! eu te amo!

E unindo-se a elle, cruzou-lhe os dez dedos por traz do pescoço, como para fazer com os seus braços enlaçados em Ebeneser e com as suas mãos juntas uma oração a Deos.

Elle deslaçou aquella cadêa delicada, que resistio emquanto pôde.

Deruchette cahio assentada n’uma ponta de rocha