Aracy[1]
(A Minha Mãe)

Corre o mez de junho de 183...

A natureza se intumesce, bella e galante, ao começo da estação primaveril.

Um sol de fogo esbate sobre as aguas enfumaçadas do Rio Doce, que rolam, mugindo eternamente, sobre um alveo opulento de purissimas esmeraldas.

A’s margens do rio, na pequena abra de Cuieté, está um acampamento de Pojichás, indios de origem tapuya, pelo ramo degenerado dos Aymorés, e que naquella larga zona inda vagueiam.

E’ a epoca da pesca abundante, das festas da tribu, da celebração dos amores, pela fórmula singella do hymeneu primitivo.


  1. « O sol ». Em tupy era chamado « Guaracy », que quer dizer « luz da vida », «fonte creadora ». Nos dialectos, porém, dos indios, que, fugindo dos tupys, vieram se refugiar nas montanhas do sul, desappareceu a syllaba inicial «Gu» da palavra « Guaracy », que é a primitiva traducção de sol.