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parnaso sergipano



E a ser amado, si é myster o incenso,
Que sóbe denso dos salões aos tectos ;
Serei altivo, mas não vou de rastos,
Com labios castos mendigar affectos !

E si me odeias, por não ir-me ás salas
Dizer-te as fallas de mendaz paixão,
E, aos olhos de outros, profanando extremos,
Dizer-te : amemos, e apertar-te a mão ;

Me odeia, e muito, que eu não sou da farça,
Que o mal desfarça, que desfructa e ri !
Me odeia, e sempre, que eu não desço ao nivel
Do pó terrivel, que se arraste ahi !

Dà-me o teu odio, pois não quero—escuta—
Beber cicuta, procurando mel.
Dá-me o teu odio, mas n’um gráo subido,
Embora ungido de amargoso fel !

Dá-me o teu odio por fatal sentença.
A indifferença me será peior.
Que um sentimento por mim sintas n’alma,
Dá-me essa palma de um soffrer melhor !

IV

Para o album de uma senhora


Fora inutil pedir mimos á dhalia,
Perfumes ao jasmim, nos céos da Italia
Da mais nitida estrella a luz buscar.
Fôra inutil trazer incenso arabio,
Ou sorrir divinal de fresco labio
Das mimosas, gentis, netas de Agar,