parnaso sergipano
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Ai não cantes assim! mulher querida,
Pallida imagem do viver das flores!
Que de ouvir-te a harmonia, esqueço a vida,
Esqueço a liberdade e o pranto e as dores,
E os cèos e os homens e o dever e a lida !.



VIII
As flores de laranja


Cada flôr tem de certo varia sorte,
Tem diverso condão:
Ha flores para a vida e para a morte,
Que dizem sim, ou não.

Ha flores para as maguas da anciedade,
Para os sonhos de amor,
Ha flores para as scismas da saudade,
Ha tambem para a dor.

Ha flores que só vingam no chão frio
Da fria sepultura,
Borrifadas das lagrimas a fio
Que chora a desventura.

Ha flores que só crescem no retiro
De amiga solidão ;
Uma flor diz um ai, outra um suspiro,
Todas têm seu condão.

Esta vai perfurmar as lindas jarras
Dos altares radiantes ;
Aquella ser de amor propicias arrhas
No peito dos amantes.

Alli—campeia altiva uma fronte
Do bravo que venceu;
Acolá—sobre a face bella, insonte,
Da virgem que morreu.