PARNASO SERGIPANO
37



Não responde : nos labios o riso
Da donzella bem mostra que o siso
Perdera-se em norte de orgia infernal !
Um anjo dissereis da graça cahido,
De todo perdido,
Perdido nas trevas chorando o seu mal !

Oh louca amorosa !
Gentil mariposa,
Não fujas de mim !
Eu quero em teus braços a vida de amante
Passar um instante
Beijando-te assim !

Frio vento soprou-lhe os cabellos,
Desprendidos e soltos e bellos,
Quaes harpas celestes dos anjos de Deos !
São notas aereas o canto da briza.
Que assim se deslisa
Nas cordas sonoras, voando p’ra os céos !

Que doce belleza !
Si d’alma a pureza
Não desses de mão,
Serias, ó bella, de Deus invejada,
Dos anjos amada
Com louca paixão !

Não importa ! ha de amar-te minh’alma
Co’este fogo que nunca se acalma
Na tôrva existencia do meu padecer !
Comtigo abraçado no riso e nas dores,
Morrendo de amores
Farei a ventura do nosso viver !

Ai ! tremes, suspiras ?
Amante deliras
De amor que seduz ? !