MYRTO.

Pensas mal! A poesia é sempre um dom celeste;
Quando o genio o possue quem ha que o não requeste?
Hermes, com ser o deus dos graves mercadores,
Tocou lyra tambem.


LYSIAS.

                        Já sei que estás de amores.


MYRTO.

Que esperança! Bem vês que eu já não posso amar.


LYSIAS.

Perdeste o coração?


MYRTO.

                        Sim; perdi-o no mar.


LYSIAS.

Pesquemol-o; talvez essa perola fina
Venha ornar-me a existencia agourada e mofina.


MYRTO.

Mofina?


LYSIAS.

      Pois então? Enfarão-me estas bellas
Da terra samiana; assaz vivi por elas.
Outras desejo amar, filhas do azul Egeo.
Varia de feições o Amor, como Protheo.


MYRTO.

Seu carater melhor foi sempre o ser constante.