LYSIAS.

Eu, poeta? jámais.


MYRTO.

                        A tua fantasia
Respirou certamente o ar do monte Hymmeto.
Tem a expressão tão doce!


LYSIAS.

                        É a expressão do affecto.
Sou em cousas de Apollo um simples amador.
A minha grande musa é Venus, mãe do amor.
No mais não apprendi (os fados meus adversos
Vedárão-m’o!) a cantar bons e sentidos versos.
Cleon, esse é que sabe accender tantas almas,
Conquistar de um só lance os corações e as palmas.


MYRTO.

Conquistar, oh! que não!


LYSIAS.

                    Mas agradar?


MYRTO.

                   Talvez.


LYSIAS.

Isso mesmo; é já muito. O que o poeta fez
Fal-o-ei jamais? Contudo, inda tental-o quero;
Se não me inspira a musa, alma filha de Homero,
Inspira-me o desejo, a musa que delira,
E o seu canto concerta aos sons da eterna lyra.