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«Que ambições, que desejos ou que idéas
«Fazem gemer tua alma innocentinha?
«De que esperança vã, meu anjo, anceias?
«Teu coração de ardente amor suspira;
«Que tens? — Eu nada,» respondia Elvira.

XV


«Alguma cousa tens!» tornava o tio;
«Porque olhas tu as nuvens do poente,
«Vertendo ás vezes lagrimas a fio,
«Magoada expressão d'alma doente?
«Outras vezes, olhando a agua do rio,
«Deixas correr o espirito indolente,
«Como uma flôr que ao vento alli tombára,
«E a onda murmurando arrebatára.»

XVI


«— Latet anguis in herba...» Neste instante
Entrou a tempo o chá... perdão, leitores,
Eu bem sei que é preceito dominante
Não misturar comidas com amores;
Mas eu não vi, nem sei se algum amante
  Vive de orvalho ou petalas de flôres;
  Namorados estomagos consomem;
  Comem Romeos, e Julietas comem.