— 178 —
XVII


Entrou a tempo o chá, e foi servil-o,
Sem responder, a moça interrogada,
C′um ar tão soberano e tão tranquillo
Que o velho emmudeceu. Ceia acabada,
Fez o escriptor o costumado chylo,
Mas um chylo de especie pouco usada,
Que consistia em ler um livro velho;
N′essa noite acertou ser o Evangelho.

XVIII


Abrira em S. Matheus, n'aquelle passo
Em que o filho de Deos diz que a açucena
Não labora nem fia, e o tempo escasso
Vive, co′ o ar e o sol, sem dôr nem pena;
Leu e estendendo o já tremulo braço
A triste, á melancolica pequena,
Apontou-lhe a passagem da Escriptura
Onde lêra lição tão recta e pura.

XIX


«Vês? diz o velho, escusas de cansar-te;
«Deixa em paz teu espirito, criança:
«Se existe um coração que deva amar-te,