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XXXVII


Deu-se o caso uma tarde em que chovia,
Os dous estavão na varanda aberta.
A chuva peneirava, e além cobria
Cinzento véo o occaso; a tarde incerta
Já nos braços a noite a recebia,
Como amorosa mãi que a filha aperta
Por enxugar-lhe os prantos magoados.
Stavão ambos immoveis e calados.

XXXVIII


Juntos, ao parapeito da varanda,
Vião cahir da chuva as gottas finas,
Sentindo a viração fria, mas branda,
Que balançava as frouxas casuarinas.
Raras, ao longe, de uma e de, outra banda,
Pelas do céo tristissimas campinas,
Vião correr da tempestade as aves
Negras, serenas, lugubres e graves.

XXXIX


De quando em quando vinha uma rajada
Borrifar e agitar a Elvira as tranças,
Como se fôra a briza perfumada