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Testemunhou-lhe as nupcias singulares.
A nesga azul do occaso contemplando,
Sentirão ambos irem-lhe os pezares,
Como nocturnas aves agoureiras
Que á lua fogem medrosas e ligeiras.

XLV


Tinha mágoas o moço? A causa d′ellas?
Nenhuma causa; fantasia apenas;
O eterno devanear das almas bellas,
Quando as dominão fervidas Camenas;
Uma ambição de conquistar estrellas,
Como se colhem lucidas phalenas;
Um desejo de entrar na eterna lida,
Um querer mais do que nos cede a vida.

XLVI


Com amores sonhava, ideal formado
De celestes e eternos esplendores,
A ternura de um anjo destinado
A encher-lhe a vida de perpetuas flôres.
Tinha-o emfim, qual fora antes creado
Nos seus dias de mágoas e amargores;
Madrugavão-lhe n′alma a luz e o riso;
Estava á porta emfim do paraiso.