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Meteoro do seculo, passaste,
Ó triste imperio, allumiando as sombras.
A noite foi teu berço e teu sepulcro.
Da tua morte os goivos inda achárão
Fuscas as rosas dos teus breves dias;
E no livro da historia uma só folha
A tua vida conta: sangue e lagrimas.

     No tranquillo castello,
Ninho d'amor, asylo de esperanças,
A mão de aurea fortuna preparára,
Menina e moça, um tumulo aos teus dias.
     Junto do amado esposo,
Outra c'rôa cingias mais segura,
A corôa do amor, dadiva santa
Das mãos de Deos. No céo de tua vida
Uma nuvem sequer não sombreava
A esplendida manhã; estranhos erão
     Ao recatado asylo
Os rumores do seculo.

          Estendia-se
Em frente o largo mar, tranquilla face
Como a da consciencia alheia ao crime,
E o céo, cupula azul do equoreo leito.
Alli, quando ao cahir da amena tarde,