– 71 –

D'esse esplendor que eterno a fronte lhe orna
        Não sabe a natureza.

Nada sente, não goza do meu gozo;
Insensivel á força com que impera,
O pendulo parece condemnado
        Ás frias leis que o regem.

Para se renovar, abre hoje a campa,
Forão-se os numes ao paiz dos vates;
Das roupas infantis despida, a terra
        Inuteis os rejeita.

Forão-se os numes, forão-se; levárão
Comsigo o bello, e o grande, e as vivas côres,
Tudo que outr'ora a vida alimentava,
        Tudo que é hoje extincto.

Ao diluvio dos tempos escapando,
Nos recessos do Pindo se entranhárão:
O que soffreu na vida eterna morte,
        Immortalise a musa!