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Roma desconheceu teu genio, ó Rufo!
Dizem até (vergonha!) que negára
Aos teimosos desejos que nutrias
        O voto da pretura.
Mas a ti, que te importa a voz da turba ?
Ephemero rumor que o vento leva
Como a vaga do mar. Não, não raiarão
        Os teus melhores dias.

Viráõ, quando aspirar a invicta Roma
As preguiçosas brizas do oriente;
Quando co'a mitra d'ouro, o descorado,
        O cidadão romano,
Pelo fôro arrastar o tardo passo
E sacudir da toga roçagante,
Ás virações os tepidos perfumes
        Como um satrapa assyrio.

Viráõ, viráõ, quando na escura noite
A orgia imperial encher o espaço
De viva luz, e embalsamar as ondas
        Com os seus bafos quentes;
Então do somno acordarás, e a sombra,
A tua sacra sombra irá pairando