– 93 –

Ião mostrando as rendas e os bordados,
Lambendo o chão, molhando-te as botinas.

Mergulhavão teus pés a cada instante,
Como se o chão quizesse alli guardal-os.
E que afan! Mal podiamos nós ambos
Da cubiçosa terra libertal-os.

Doce passeio aquelle! E como é bello
O amor no bosque, em tarde tão sombria!
Tinhas os olhos humidos, — e a face
A rajada do inverno enrubecia.

Era mais bello que a estação das flôres;
Nenhum olhar nos espreitava alli;
Nosso era o parque, unicamente nosso;
Ninguem! estava eu só ao pé de ti!

Perlustrámos as longas avenidas
Que o horizonte cinzento limitava,
Sem mesmo ver as deosas conhecidas
Que o arvoredo sem folhas abrigava..

O tanque, onde nadava um niveo cysne
Placidamente, — o passo nos deteve;