Ocio das almas ou requinte d'ellas,
Quintessências, velhices
De luas de nevróses amarellas,
Venenosas meiguices.
Insomnia morna e doente dos Espaços,
Lethargia funérea,
Vermes, abutres a correr pedaços
Da carne delectéria.
Um mixto de saudade e de tortura,
De lama, de ódio e de asco,
Carnaval infernal da Sepultura,
Risada do carrasco.
Ó tédio amargo, ó tédio dos suspiros,
O' tédio d'anciedades!
Quanta vez eu não subo nos teus gyros
Fundas eternidades!
Quanta vez envolvido do teu luto
Nos sudarios profundos
Eu, calado, a tremer, ao longe, escuto
Desmoronarem mundos!
Os teus soluços, todo o grande pranto,
Taciturnos gemidos,
Fazem gerar flores de amargo encanto
Nos corações doridos.