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Aqui venho, de aspecto, que contrista,
Cumprir os meus deveres de chronista.

Tem dado que cuidar aos curiosos
A torrente de encomios estrondosos
Com que a Redacção do "Paulistano”,
Enfuna certa gente a todo o panno.
A uns porque da patria são distinctos
Servidores solertes, não famintos,
Que armados de coragem verdadeira
Não deixam nem dormindo agra carteira,
E, atados á tripeça do thesouro
Dão à mão com mais sanha do que o mouro!
A outro por que gira alegremente,
Sem largar um momento o presidente,
Prestando serviada relevante
No cargo sacrosanto de Ajudante:
E a todos por que unidos fazem cousas,
Que vivem na memoria além das lousas
A grave redacção de penna alçada,
Perante a guapa gente decantada,
Declara, que esse grupo abençoado
Merece do Governo ser lembrado.
Quer ver o povo n’isto manivela,
E anda bor ahi dando a t’ramela;
Porém, só eu lhe-noto devoção,
Julgando em seu direito a Redacção.
Barões tão prestadios quem já viu?
Amor tão santo e puro quem sentiu?
Descance a negra inveja presumida,
Que a gloria é só da gente bem querida.
Ataca, Redactor, com vento forte,
Que é dino esse povinho d'aurea sorte.

Os Licurgos da nossa Edilidade,
Em nome da Sagrada liberdade,
Chamaram a congresso todo o povo
Afim de discutir um facto novo.