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Era o caso—salvar a Patria nossa
E dar no Paraguay tremenda coça :
Naufragios, perdições de toda a sorte,
Que o menor mal de todos seja a morte.
Pejaram-se os salões, quartos e salas
Da gente que de assucar come balas,
Mais valente que Cezar ou Roldão,
Que batalhas vencia a cachação:
Doutores da lanceta—irmãos da Morte,
Mais ferós na matança que Mavorte;
Doutores da verdade—do Direito,
Mas que ao torto tambem lá dão seu geito ;
Rotundos vendilhões, magros artistas,
Deputados, santudos cabalistas,
Patriotas magriços e pansudos,
Aquelles tagarallas, estes mudos.
Emfim, todos que tinhão perna ou mão,
Que perder não podiam tal funcção,
Ali compareceram junctamente,
De semblante garrido, ardor latente,
Convocados da parte de Tonante
Pelo neto gentil do velho Atlante.

Estava Ozorio ali sublime e dino,
N’um assento de encosto purpurino,
Com gesto alto, severo e soberano,
Que guerreiro tornára um fraco humano,
Com suissa tão alva e rutilante,
Que excedia no brilho ao diamante.

Em bancos de palhinha empoeirados
Os mais vereadores assentados,
Com mareio antojo logo abaixo estavam
Como a razão e a ordem concertavam.

Foi aberta a sessão em continente,
Fallando in primo loco o Presidente,