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Que em synthese tractou do caso grave
Apoz guardando aspeito de Margrave.
Quaes suspiros de virgem de Convento,
Em motes traduzindo o pensamento,
Que exhalados a furto, com brandura,
Exacerbam dos vates a ternura,
Levando o sentimento a ponto tal,
Que nenhum já se-lembra que é mortal,
E feridos no peito o deus frecheiro
Decantam ás fogueiras do Outeiro,
Jorrando tantas glosas sublimadas,
Que se-tornam em grossas enchurradas:
Taes de Ozorio as sentenças, que findaram,
A turba valorosa electrisaram.

Cada qual um canario se-julgava,
De calar-se ninguém alli cuidava,
Queriam fallar todos de um só jacto.
Rompendo em tenebroso espalhafato,
—A saltos de polé por badulaques—
Qual se-ardessem dez mil cartas de traques.

Impôz Tonante a paz então de novo,
Porque um orador fallasse ao povo.

Silencio ! disse alguem se-levantando.
Silencio . . . . .guardam todos não fallando.

Ergueu-se da rhetorica o maestro,
Que de ás turbas orar tem manha ou sestro.
O canoro fagote embandeirado
Os corações a paz acostumados
Vai ás fulgentes armas incitando,
Pelas concavidades retumbando.

Da campana arrojando gradações
Os tectos faz tremer d’amplos salões;