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Por amor da temperança;
Pois o pobre, por mania,
Vive sempre em gritaria
Contra os fóros da nobreza,
Que, arrogante, fera e teza,
Yai malhando na gentalha,
Que, pisada, rosna e ralha...

De saude nao vou bem;
De dinheiro... nem vintem;
De namoros... menos mal;
Pois que, sendo jovial,
Não receyo ser ferido
Pela setta de Cupido.
E, demais, meu Gedeão,
N’esta era do Balão,
Deve o homem namorar,
Que é negocio bem casar.

Quem pretende hury formosa,
Que, em belleza, excede á rosa,
Na candura á neve algente,
Ou do sol á luz nitente,
Anjo excelso de primores,
Mas sem dote... sem valores...
Será tudo, até beocio,
Nunca homem de negocio.

Tartaruga com dinheiro !...
Isso é vaso de outro cheiro;
Que bem vale o sacrifício,
Que redunda em beneficio;
Nescia ou tola, malcriada,
Ha de ser idolatrada;
Que, á hum noivo calculista,
Nada ha que dê na vista.
O desfructe é distração,
A sandice reflexão,