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E' a moda o salvaterio
Dos que a-buscam com mistério
Da velhota inconsolavel,
Do janota desfrutavel,
Que campando de galante
Mostra a todos que é pedante ;
Do pansudo sem juizo,
Que com ella cobra o sizo.
Té no proprio Pio nono,
A moda ferrou tal mono,
Que de humilde franciscano
O-tornou republicano !....
E mais tarde, por magana,
Revirou-o com tal gana
Que dos Reis, irmão querido
Fez o Papa fementido.

Modas ha com tal fartura,
Que parece já loucura;
Chapelhinhos á franceza,
Babadinhos á turqueza,
Largas mangas à romana,
Penteados á sultana,
Capotinhos, sedas frouchas,
Franjas, pentes, rendas, trôchas;
Lindas flores indianas,
Molas d’aço, barbatanas,
Para erguer seios cahidos
E fazer guapos vestidos.

N’estes tempos, meu querido,
E’ que vale ser marido.
Vê lá tu, que és hum mestraço,
Com teus risos de madraço,
Se não é hum grande achado
Este meu enunciado.
E si pescas da sciencia,
Nota bem a consequencia: