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Sol de Austerlitz brilhante;
Sol de Marengo altaneiro;
Sol horrivel, deslumbrante,
Da victoria audaz luzeiro;
Sol de homericas batalhas;
Sol que ao pé de mortalhas
Faz os mortos reviver;
Sol que ainda assombra a historia;
Sol que se chama gloria;
Sol que não póde morrer!

Hoje tristonho, isolado
N’esta rocha solitaria.
E’ meu silencio inda um brado
Que electrisa a turba varia;
Cantam-me o mar e o vento;
No furacão turbulento
Vai meu nome á eternidade!..
Eis meus bravos generaes—
Na furia dos vendavaes,
Meu clarim—na tempestade

N’este Golgotha—aqui suo
Meu triste suor de sangue;
Aqui na vida, que amuo,
Pende o corpo, a alma não langue;
Aqui tenho o meu destino,
Grande, heroico, divino,
Aqui talvez a vingança;
Sobre esta ilha esquecida,
Na minha campa da vida,
Deus escreveu--esperança!

Quem sabe si a minha raça
Precisava de baptismo;
Se no crisol da desgraça
Depurei o heroismo ;