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Suspirando as aves cantam ! !
Alli n'um extase occulta,
Morta a vida, a alma sepulta,
Doideja em sonho de amor;
Alli, meu Deus, alli só
A cruz murmura no pó
Falla no vento e na flor !

Eis a esperança que sonha
Sobre as espumas do mar;
Que vem na vaga risonha
Teus pés mimosos beijar!
E quando estrellas a mil
No firmamento de anil
Traz da noite a mão suprema,
Então,—oh Nympha das selvas
Sobre o teu leito de relvas
Encostas o diadema!

Ai infeliz tambem chora,
Ajoelhada nos montes,
Em quanto nos horisontes
Não surge o brilho da aurora!
Em baixo a dor, o pesar,
O eterno grito do mar
Susurra, os échos acórda;
Da prece a deusa chorosa
Vaga na praia saudosa,
Soluça do mar á borda!

Salve, Olinda, entre as rainhas,
Rainha da natureza!
Trocaste o solio que tinhas
Por mais linda realeza!
Livre agora do Hollandez,
Boto o Sceptro portuguez,