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ções do seu Governo para submetter á consideração do Honourable Daniel Webster, Secretario d’Estado dos mesmos Estados Unidos, a seguinte exposição, em favor de reclamações de subditos Portuguezes contra o Governo Americano, pela captura de navios Portugueses e seus carregamentos, feita nos annos que decorreram de 1816 a 1828 por corsarios aprestados e esquipados nos portos dos Estados Unidos. principalmente no de Baltimore, debaixo da bandeira dos Estados insurgentes da America do Sul, e com especialidade de Artigas.

Mais de sessenta navios Portugueses e suas cargas foram apresados e roubados, tendo-se dos mesmos apoderado os captores para seu proprio uso.

O apresto destes navios em Baltimore foi publico e notorio, e muitos dos principaes cidadãos daquella cidade, incluindo o Sheriff e o Administrador do correio, foram chamados aos tribunaes, como proprietarios ou interessados nesses corsarios.

É bem sabido que o notavel chefe da Banda Oriental, Artigas, não ostentava um unico porto de mar, não tinha navios, nem marinheiros, e que os corsarios que arvoravam a sua não reconhecida bandeira eram pela maior parte tripulados e commandados por cidadãos dos Estados Unidos, e em alguns casos os ofiiciaes eram commissionados na marinha dos mesmos Estados Unidos.

O abaixo assignado pede licença para observar que ao Governo dos Estados Unidos cumpria empregar alguma diligencia para impedir semelhante procedimento de seus cidadãos, e que não o tendo feito existe uma justa reclamação por parte do Governo Portugues, em favor de seus prejudicados subditos contra os Estados Unidos, pela importancia das perdas que soffreram por tal motivo.

Mr. de Figanière aqui chamará a attenção do Honourable Mr. Webster para o estado das negociações entre os dois Governos a este respeito. Logo no anno de 1816, o Cavalheiro Correa da Serra, Plenipotenciario de Sua Magestade Fidelissima, deu conhecimento a Mr. James Monroe, então Secretario de Estado, destes illegaes armamentos em Baltimore. Em Março de 1818, aquelle Ministro pediu indemnisações ao Governo dos Estados Unidos pelos prejuizos soffridos por subditos Portuguezes, em resultado dos apresamentos feitos pelos ditos corsarios, a cuja reclamação o Secretario de Estado, em Nota datada de 14 do dito mez, respondeu «que o Executivo, tendo usado todo o seu poder para impedir o armamento de navios nos seus portos, contra Nações com quem estava em paz, e tendo posto em execução os actos do Congresso para manter a neutralidade,