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de presas feitas pelos nossos, em navios equipados nos nossos portos, e protegidos, como não poderia deixar de ser allegado, pela propria negligencia em se adaptaram os meios necessarios para a sua repressão.» (American State Papers; vol. IV pag. 133).

O abaixo assignado respeitosamente observa que as presas em questão foram feitas por cidadãos Americanos, em navios esquipados nos portos dos Estados Unidos, e que o apresto de taes navios, como na verdade acredita, «não foi impedido por todos os meios ao alcance do Governo», mas que houve «negligencia em se adoptarem os meios necessarios para a repressão» de taes expedições.

A publica notoriedade d'estas expedições é facilmente demonstrada. Qualquer referencia ao «Nile's Register», ou outras publicações da epoca, bastará para esse fim, e nada era mais geralmente sabido em Baltimore do que serem taes expedições commummente preparadas n’aquelle porto. E na verdade não só eram os corsarios esquipados em Baltimore, mas até costumavam trazer ahi as suas presas para serem vendidas. O Governo dos EStados Unidos, empregando a diligencia devida, poderia ter tido conhecimento d'estcs factos, e obstado à saída dos corsarios.

O chefe Artigas não possuia um unico porto, como já foi ponderado, e os denominados corsarios não davam garantia de que procederiam no seu cruzeiro segundo as leis e usos da guerra, trazendo as suas presas para serem julgadas. Eram mais depressa piratas do que corsarios, e o Governo dos Estados Unidos, como respeitosamente se observa, deveria ter procedido de maneira que efectivamente obstasse as suas repetidas e por longo tempo continuadas espoliações. D’estes denominados corsarios havia grande numero: pelo menos vinte e oito ou trinta, fazendo presas contra o commercio de Portugal.

As Auctoridades do Estado de Maryland eram evidentemente remissas em permittirem estas preparações guerreiras no porto de Baltimore, e como nenhuma reclamação pode ser feita por parte de Portugal contra aquelie Estado, todas as queixas fundadas sobre a negligencia das Auctoridades territoriaes, devem forçosamente ser feitas contra o Governo dos Estados Unidos, e este Governo é portanto responsavel, como entende o abaixo assignado, por aquella negligencia.

Em alguns casos, como fica dito, os corsarios traziam as presas aos portos dos Estados Unidos, e as cargas eram vendidas; sobre essas cargas impunham-se direitos, e pagavam-se como se fossem de uma importação regular. O abaixo assignado entende ser de jus-