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davel. Tem havido casos em que estes se julgaram moralmente obrigados a pedir a demissão; como succedeu, não ha muito tempo, a um Ministro Britannico n’uma das cortes da Allemanha, por causa da publicação no Blue Book de um Officio seu, de natureza confidencial.

De resto, a actividade e concorrencia da imprensa periodica são tão poderosas hoje, que o segredo vai-se tornando cada dia mais difficil. Quem se não lembra de como, por occasião da ultima guerra entre a Russia e a Turquia, uma folha de Londres deu prematuramente a luz as bases ajustadas para o então projectado congresso de plenipotenciarios, sendo isso devido a um abuso de confiança ?

Com incentivo tão forte em constante operação, é já custoso conservar intacta a puridade das repartições do Estado[1]; pelo que incumbe ao Agente Diplomatico a maxima reserva em, pelo menos, não comprometter terceiro, por muito que se arrisque a si mesmo. Verdade é que se póde recorrer ao meio de cartas particulares, dirigidas ao respectivo Ministro da Corôa, para os negocios cujo melindre pede maior segredo. Não deixa porem ás vezes de offerecer obvios inconvenientes, dos quaes alguns se patentearam por occasião do ruidoso processo-Arnim, occorrido em Berlim no anno de 1874.

Por outro lado o dever de informar o seu Governo de quanto o possa interessar na Côrte onde reside, não é tão

  1. Estava já escripta esta obra, quando a leitura de um jornal de Lisboa nos deparou o seguinte trecho: «Em geral em cada ministerio ha um ou mais individuos, que a troco de remuneração ou por favor, colligem as noticias e as levam aos jornaes sem distincção de côres politicas. Só não as publicam os que não tem amigos, ou não querem pagar o serviço» Diario Popular, de 1 de setembro de 1880; no artigo de fundo.

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