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As relações internacionaes são actualmente tão intimas, tão desenvolvidas, complexas e constantes; tão numerosos são os interesses, e tão variados os assumptos sobre que versam; é tão cheia e activa a vida moderna, tão possuída das occorrencias do mundo inteiro, e mentalmente tão disseminada por elle — que faltaria sem duvida o tempo para se dar expedição aos negocios, se nos attivessemos ainda ao systema antigo; se os estadistas e diplomatas se não soccorressem da penna e do papel, como meio principal de defender e adiantar os interesses a seu cargo, poupando assim muitas horas preciosas.

De feito, em negocios de mero expediente, é esse o meio quasi exclusivamente empregado, simpliflcando-se com mutua vantagem as formalidades e ceremonias, e cumprindo-se em pouco tempo o que dantes consumia muito. Assim é, por exemplo, que na maior parte, senão em todas as Côrtes, já não costumam os chefes de Missão entregar pessoalmente, as Cartas de gabinete, de notificação, de felicitação, etc., que os Soberanos se dirigem mutuamente por intermedio das suas Embaixadas e Legações.

Em regra, as communicações entre estas ultimas e os Governos territoriaes, fazem-se desde logo por escripto, e por escripto se podem até iniciar os negocios sem inconveniente, quando o assumpto fôr de natureza que não exija previamente alguma troca de idéas.

Quando, pelo contrario, o negocio fôr de mais ou menos

gravidade, sujeito á discussão, e cujo resultado pareça incerto, a regra invariavel a observar, é abril-o de viva voz,

    testemunharem a ratificação regia, conforme o mesmo principio que, em Portugal e outros paizes, os faziam figurar nas doações regias, etc. A differença hoje, nos povos em que intervem o Parlamento, é que o voto deste precede a ratificação.