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De resto, o desar, e a sua gravidade, dependem em grande parte das circumstancias, e da natureza do assumpto, realisando-se quando a retractação, explicita ou implicitamente envolvida no acto de se retirar uma Nota, é motivada por um erro commettido pelo Agente debaixo da sua propria responsabilidade, devido, não a uma apreciação de factos aliás discutivel, ao passo que a prudencia o aconselharia a que não persistisse em discutil-a; mas sim, à ignorancia de factos ou circumstancias que era do seu dever não ignorar, ou pelo menos averiguar previamente ; ou então, quando o erro consiste na forma viciosa por que a materia é apresentada, ou pela qual o proprio documento é redigido; ou, finalmente, quando a retractação tem por fim prevenir consequencias ainda mais graves, que se receiem, ou de que se esteja ameaçado, isto é, quando fôr condição imposta.

Em summa, aquelle acto significa o reconhecimento de um erro; e com quanto ninguem se pede considerar isento d'esse risco, porque ninguem é infallivel, e seja louvavel reconhecer o erro, depois de convencido; é ainda mais meritorio proceder de modo a prevenir semelhante conjunctura, ou a diminuir-lhe o risco.

Dos casos que têem chegado ao nosso conhecimento, todos ou quasi todos podiam ter-se evitado por uma prudente observancia da regra que discutimos; e, se nos não falha a

    pp. 539 e 541. — Veja-se tambem a resposta em carta particular de Lord Aberdeen, de i3 de junho; assim como a nota de 23 de maio (pag. 524) pela qual o Duque participava que se não considerava já como mandatario do Governo que então regia Portugal. Pareceu desnecessario ao Gabinete Inglez publicar por então essa voluntaria suspensão das funcções diplomaticas do Embaixador Portuguez; ao que todavia se teria visto obrigado em presença da projectada nota de 9 de Junho.