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cluiu com a França he tembem hum Tratado de commercio, e como nelle se concederam as maiores vantagens a França, he provavel que se não exijam outras.

Na duvida se a carta de Sua Alteza Real para o Imperador, datada de 6 ou 8 do passado, chegaria a este Soberano, visto o que avisou o Conde da Ega de haver sido demorada em Madrid e que não podia chegar a Paris senão no dia 26, V. Ex.ª leva outra do mesmo teor, a qual porá nas mãos de Mr. de Champagny, para ser entregue logo que este lhe disser que Sua Magestade Imperial não recebera a primeira, e recommendo a V. Ex.ª que não haja equivocação com outra carta precedente datada em 3 do passado, que o Desembargador Fernando José Antonio Alvares avisa lhe dissera Mr. de Champagny que não fôra recebida.

Havendo recebido esta Côrte a noticia da declaração de guerra da parte de Sua Magestade o Imperador dos Francezes e Rei de Italia contra Portugal, segue-se que não poderá V. Ex.ª ir á presença de Sua Magestade Imperial e Real sem primeiro concluir a paz, para o que Sua Alteza Real foi servido dar a V. Ex.ª novos plenos poderes, os quaes V. Ex.ª apresentará juntamente com os precedentes, quando a negociação seja admittida.

Sua Alteza Real foi servido mandar dar instrucções identicas a D. Lourenço de Lima, e munil-o de plenos poderes para a negociação da paz e alliança, afim de assignar conjunctamente com V. Ex.ª o Tratado. Mas no caso de que este Embaixador não seja admittido ou não chegue, V. Ex.ª não deixará de concluir e assignar o mesmo Tratado.

No caso que Sua Magestade Imperial e Real queira que Sua Alteza Real mande algum Negociador a Londres por modo disfarçado, e sem se declarar que isto he influido pelo Governo Francez, mas sómente huma determinação de Sua Alteza Real para promover a resolução da paz naquella Potencia, esta Côrte assim o executará, cingindo-se neste negocio ao que fôr mais agradavel a Sua Magestade Imperial e Real.

Concluindo-se o Tratado de paz e alliança, deve-se estipular tambem que Sua Magestade Imperial mandara suspender a marcha das suas tropas, ou retiral-as de Portugal ou das suas fronteiras, quando ellas já alli se achem, resumindo-se qualquer parte do territorio de Portugal que haja sido invadida.

Ao mesmo tempo se deve tratar da restituição dus navios portuguezes que foram confiscados ou sequestrados em França, e das suas cargas, visto que Sua Alteza Real tomou o partido de seguir o systema