UM POEMA D′ALMA



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Eu sou como uma estatua, á qual n′um cemiterio A luz apenas doira o livido int′rior; Meu seio é triste, escuro e cheio de mysterio,

             Minha alma sem calor.
(Occasos. — Pedro de Lima.)
I

Chorar! sempre chorar!...

Estanca-te, meu pranto!

Consente que erga a voz, debil do soffrimento, Minh′alma angustiada, e que nos diga o quanto Tem sido doloroso o seu cruel tormento. Escutemos a triste. A sua historia é breve. Veremos o vigor com que ella nos descreve As pallidas visões da sua mocidade. Contar-nos-ha, tambem, com infantil saudade, As horas que passou, escutando as mimosas E inspiradas canções, que lhe deram as rosas